ATA DA VIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 23-11-2009.

 


Aos vinte e três dias do mês de novembro do ano de dois mil e nove, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e três minutos, foi realizada a chamada, respondida pelos vereadores Alceu Brasinha, Bernardino Vendruscolo, Beto Moesch, DJ Cassiá, Dr. Raul, Engenheiro Comassetto, Ervino Besson, Fernanda Melchionna, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, João Pancinha, Luiz Braz, Marcello Chiodo, Maria Celeste, Mario Manfro, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas, Sebastião Melo, Tarciso Flecha Negra, Toni Proença, Valter Nagelstein e Waldir Canal. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciada a ORDEM DO DIA. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Adeli Sell, Aldacir José Oliboni, Carlos Todeschini, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Haroldo de Souza, Luciano Marcantônio, Reginaldo Pujol e Sofia Cavedon. A seguir, foi apregoado Requerimento de autoria do vereador Mauro Pinheiro (Processo nº 5594/09), deferido pelo senhor Presidente, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, no dia de hoje, na reunião do Comitê AGAS das Centrais de Negócios. Em continuidade, em face de manifestação formulada pelo vereador Reginaldo Pujol, o senhor Presidente informou que não seriam autorizadas Representações Externas deste Legislativo durante a votação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07. Em Votação, esteve o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07. Foi votada destacadamente e rejeitada a Emenda nº 199, aposta ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07, por treze votos SIM, dezesseis votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhada à votação pelos vereadores Adeli Sell, Pedro Ruas, Fernanda Melchionna, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon e Beto Moesch, em votação nominal solicitada pelo vereador Sebastião Melo, tendo votado Sim os vereadores Adeli Sell, Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, Carlos Todeschini, Dr. Raul, Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna, Maria Celeste, Mario Manfro, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas, Sofia Cavedon e Toni Proença, votado Não os vereadores Alceu Brasinha, Bernardino Vendruscolo, DJ Cassiá, Elias Vidal, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Pancinha, Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Marcello Chiodo, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Reginaldo Pujol, Valter Nagelstein e Waldir Canal e optado pela Abstenção o vereador Sebastião Melo. Foi votada destacadamente e rejeitada a Emenda nº 200, aposta ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07, por oito votos SIM, dezessete votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, após ser encaminhada à votação pela vereadora Sofia Cavedon e pelo vereador Reginaldo Pujol, em votação nominal solicitada pelo vereador Sebastião Melo, tendo votado Sim os vereadores Adeli Sell, Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, Carlos Todeschini, Fernanda Melchionna, Maria Celeste, Pedro Ruas e Sofia Cavedon, votado Não os vereadores Alceu Brasinha, Bernardino Vendruscolo, DJ Cassiá, Elias Vidal, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Paulinho Ruben Berta, Reginaldo Pujol, Tarciso Flecha Negra, Toni Proença, Valter Nagelstein e Waldir Canal e optado pela Abstenção os vereadores Engenheiro Comassetto e Sebastião Melo. Foi votada destacadamente e rejeitada a Emenda nº 201, aposta ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07, por oito votos SIM, quinze votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhada à votação pelos vereadores Fernanda Melchionna, Sofia Cavedon, Valter Nagelstein, Mauro Zacher, Maria Celeste e Alceu Brasinha, em votação nominal solicitada pelo vereador Sebastião Melo, tendo votado Sim os vereadores Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, Carlos Todeschini, Fernanda Melchionna, Maria Celeste, Pedro Ruas, Sofia Cavedon e Toni Proença, votado Não os vereadores Alceu Brasinha, Bernardino Vendruscolo, DJ Cassiá, Dr. Raul, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Ervino Besson, Luciano Marcantônio, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Reginaldo Pujol, Tarciso Flecha Negra, Valter Nagelstein e Waldir Canal e optado pela Abstenção o vereador Sebastião Melo. Após, o senhor Presidente relatou a sua participação em encontro do senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre com o senhor Mahmoud Abbas, Presidente da Autoridade Nacional Palestina, tendo-se manifestado a respeito os vereadores Valter Nagelstein, Pedro Ruas e Reginaldo Pujol. Às dezenove horas, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para Sessão Extraordinária a ser realizada no dia de amanhã, às nove horas e quinze minutos. Os trabalhos foram presididos pelo vereador Sebastião Melo e secretariados pelo vereador Nelcir Tessaro. Do que eu, Nelcir Tessaro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após aprovada pela Mesa Diretora, nos termos do artigo 149, parágrafo único, do Regimento, será assinada pela maioria dos seus integrantes.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Havendo quórum, passamos à Ordem do Dia.

Apregoo representação do Ver. Mauro Pinheiro (Lê.): “O Vereador que abaixo subscreve requer representação desta Casa para a reunião do Comitê AGAS, nas Centrais de Negócios da AGAS - Associação Gaúcha de Supermercados -, que realizará no dia 23, próximo, conforme convite anexo, sem ônus para esta Casa”.

Estamos na 23ª Sessão Extraordinária, da 1ª Sessão Legislativa Ordinária, na 15ª Legislatura, para darmos continuidade à atualização ou Revisão do Plano Diretor.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Presidente, antes de mais nada, os meus cumprimentos pela sua capacidade de trabalho, eu sou testemunha de que V. Exª está aqui desde as 9h, mas há algumas coisas que temos que considerar: primeiro, o que acertamos é que o Plano Diretor seria votado até às 17h, e depois teríamos outra Sessão, que seria a nossa contribuição no dia de hoje. Fundado nisso, vários Vereadores, inclusive eu, acertamos alguns compromissos. Vossa Excelência retoma os trabalhos agora, e eu o cumprimento por isso, vou fazer um esforço para ficar parte do tempo com V. Exª, porque assim é impossível, V. Exª vai transformar esta situação de tal forma que ninguém mais vai poder se planejar, não podemos mudar a todo o momento. Eu ficarei com V. Exª em todos os momentos que quiser, mas não vou mais admitir que defira representação. Como podemos representar, quando estamos nos submetendo a este processo de ficar, aqui, 12 horas seguidas, na votação de matérias. Paramos, reabrimos, continuamos.

Fica a minha colocação, Sr. Presidente. Cumprimento V. Exª pelo esforço, mas não pode ser um esforço que acabe por exaurir os integrantes desta Casa, e fazer diminuir o quórum numa matéria de tamanha responsabilidade. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Primeiro, Ver. Pujol, acolho como uma grande contribuição a sua manifestação, dizendo que fiz uma consulta prévia, se havia acordo para retomarmos, recebi a sinalização; portanto, assim o fiz.

Quanto às representações, acho que V. Exª tem razão. Vou falar à nossa Diretoria Legislativa no sentido de que não vou mais autorizar representações durante as Sessões do Plano Diretor. Estão todas suspensas. Quem desejar, que vá por sua conta. A Câmara de Vereadores não vai autorizar representação, por causa da legitimidade do plenário.

Portanto, está deferido o Requerimento de V. Excelência.

Pelo horário adiantado, compreendo que alguns Vereadores possam ter agenda, Ver. Pujol, começando por V. Exª, mas nós vamos ir tocando, na medida do possível, até porque estamos em Sessão Extraordinária. E é importante dizer à população de Porto Alegre que nenhum Vereador recebe um centavo a mais por Sessão Extraordinária. Estamos realizando, aqui, várias Sessões, e com muito prazer. Esta Casa foi a primeira no Brasil a acabar com os jetons: nós trabalhamos à noite, de madrugada, sessões extraordinárias, e isso é importante que fique bem claro para a população de Porto Alegre.

E nós compreendemos o problema das agendas, que não são menos importantes que o Plenário, mas peço a compreensão de todos. Evidentemente, é o quórum quem vai decidir. Na hora da votação, se não tiver quórum, infelizmente, eu tenho de encerrar a Sessão. Agora, enquanto tiver quórum, eu vou tocando a votação, porque temos, ainda, o enfrentamento de 150 Emendas, e a população de Porto Alegre está aguardando a revisão do Plano Diretor.

Portanto, em votação a Emenda n° 199.

 

VOTAÇÃO

 

(encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. Nº 6777/07 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 008/07, que dispõe sobre o desenvolvimento urbano no Município de Porto Alegre, institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre – PDDUA – e dá outras providências. Com Emendas.

 

Parecer:

- Conforme Relatório da Comissão Especial.

 

Observação:

- votação nos termos do art. 131-D do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda n° 199, destacada, ao PLCE n° 008/07.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, me parecia uma questão extremamente simples, mas vejo que as coisas simples nem sempre parecem simples, e não são resolvidas de forma simples.

Eu vinha, insistentemente, solicitando o Estudo de Impacto de Vizinhança mesmo antes de ser discutido no Plano Diretor. Lembro bem do debate que houve sobre o Camelódromo, e tenho certeza de que, ao não fazermos o Estudo de Impacto de Vizinhança, erramos. Não é que não devesse ser construído lá, mas não foi feito o Estudo de Impacto de Vizinhança, e o que aconteceu? Houve, no mínimo, umas dez reuniões na Casa devido aos atropelos por causa dessa construção.

As construções, edificações e atividades que são colocadas no Nível I estão sendo cortadas, mas, pensem o seguinte: no Nível I, são colocadas edificações muito grandes, em alguns casos, até hospitais e clínicas. Agora, imaginem só não se fazer uma análise do Estudo de Impacto de Vizinhança acerca dessa questão? Não é para proibir. O Estudo de Impacto de Vizinhança é para dizer quais os mecanismos, Verª Maria Celeste, que o Governo diz ao empreender, ao realizar mitigações, por exemplo: aumento de arruamento, construção de uma obra de arte, um pontilhão, uma ponte ou uma passagem de nível, Ver. Pedro Ruas.

Então, junto com o Estudo de Impacto de Vizinhança, dependendo do tipo de edificação, de empreendimento, você pode ter um Estudo de Impacto Ambiental, e nos parece que elidir, tirar completamente o Estudo de Impacto e Vizinhança nessas questões que são arroladas como de impacto pequeno... Não são tão pequenas assim. O Ver. Bernardino me socorre com uma coisa simples e banal, Verª Fernanda Melchionna, foi deixada aqui uma obra de arte, há um tempo, e veja, dependendo da localização das pessoas, ela acaba interferindo, inclusive, aqui, na chaminé da Usina do Gasômetro, e é uma mixórdia de uma obrinha de arte, eu falo obrinha, porque eu questiono, inclusive, o gosto dessa obra. Eu cito essa, mas poderia citar outros casos em que nós temos que ter uma atenção especialíssima dessa questão do impacto de vizinhança.

Eu diria, inclusive, que a primeira coisa que se deveria fazer na Cidade é em termos de casas noturnas - eu sou um defensor das casas noturnas, das casas de espetáculos, da boa gastronomia. Aqui em Porto Alegre, inclusive, há uma contradição e uma confusão, Ver. Brasinha, na própria Secretaria Municipal de Indústria e Comércio e em outras, entre restaurantes que funcionam além da meia-noite, que são arrolados como locais de entretenimento, uma grande bobagem. É uma confusão semântica de conteúdo, que é uma barbaridade, mas, evidentemente eu tenho de ter cuidado, eu não posso ter uma danceteria, no meio de um conjunto de residências, que cause um horror, um transtorno. Então, o que me preocupa é que nós estamos picotando este Plano Diretor, nós estamos fazendo tantas mudanças, pequenas, mas que acabam gerando uma confusão brutal, e eu já disse, num encaminhamento anterior que eu fiz hoje, pela manhã ou pela tarde, que nós deveríamos estar discutindo de forma muito mais aprofundada algumas questões que aqui são colocadas, porque vai ser difícil a governança a partir dessas modificações. Eu temo tirar esta questão de impacto de 1º Grau; proponho que se mantenha o texto original. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 199, destacada, ao PLCE nº 008/07.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Vereadoras e Vereadores, de novo, nós temos uma situação onde a Emenda de um Vereador, no caso da Verª Sofia Cavedon, melhora muito o Projeto e faz com que, Ver. Brasinha, ele fique de acordo com a sua proposta na Exposição de Motivos. As exceções que o Projeto original do Governo traz para a necessidade - perceba-se bem a expressão: as exceções que o próprio Governo estabelece para a necessidade, que é a regra geral, que é o Relatório de Impacto e Vizinhança - não combinam, estão em desacordo com a ideia central do próprio Projeto, Ver. Luciano Marcantônio. Então, o que faz a Verª Sofia Cavedon? Ela retira do texto essas exceções, mantém a regra geral que o Projeto estabelece. O Projeto é que nos traz a perspectiva, a possibilidade e a necessidade do Relatório de Impacto de Vizinhança. E esse Impacto de Vizinhança - que é real, é concreto, que é tão necessário que o Governo estabeleça como regra geral - fica descaracterizado com a exceção que propõe o próprio Governo, logo a seguir, no seu Projeto. Portanto, o Projeto original fica enriquecido, do ponto de vista técnico e do interesse da Cidade, pela Emenda da Verª Sofia Cavedon. Por isso, nesse sentido, nós, do PSOL, encaminhamos favoravelmente à aprovação desta Emenda, porque, repito, ela traduz o melhor interesse da Cidade e o que há de melhor nas intenções do próprio Projeto do Plano Diretor.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 199, destacada, ao PLCE nº 008/07.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Rapidamente, Sr. Presidente, enquanto integrante do PSOL, fui bastante contemplada pela fala do Ver. Pedro Ruas, nosso Líder, sobre o caráter reparativo da Emenda da Verª Sofia Cavedon.

Venho a esta tribuna colocar aos Vereadores da Casa que a Emenda votada anteriormente foi um salto importante desta Casa em reconhecer a necessidade do Estudo de Impacto de Vizinhança. Na verdade, esta Emenda, a Emenda nº 199, da Vereadora, coloca no caput o que já foi votado na Emenda anterior, colocando o debate também dos projetos especiais de impacto urbano. Por que isso não é importante? Porque, na redação original, só é necessário estudo prévio de impacto de vizinhança, para empreendimentos e atividades enquadrados como Projeto Especial de Impacto Urbano de 2º Grau e de 3º Grau. Nós temos como impacto, Projeto Especial de Impacto Urbano de 1º Grau, várias alturas e em partes da Cidade. Temos obra no setor industrial que chega a 30 mil metros quadrados! Se um empreendedor faz um projeto especial, que venha para esta Casa, de uma indústria de 30 mil metros quadrados - imaginem, 30 mil metros quadrados, um prédio enorme, alto -, pela redação original do Governo, não precisa de Estudo de Impacto de Vizinhança, ou seja, poderá existir um prédio com esta altura, esta dimensão, de grande porte, porque 30 mil metros quadrados é um impacto bastante grande. Uma indústria que produz muito lixo, que tem uma série de pressuposições e não vai ter nenhum parecer da Prefeitura, da Câmara Municipal, que faça um estudo técnico com base nas alterações ou no impacto desse grande empreendimento na sua região... Não haveria necessidade, caso fosse mantida a redação do Governo, de explicar como vai ficar o sombreamento, como fica a ventilação da região, como fica a rede de saneamento básico da região, como fica toda a incidência solar, seja no inverno, seja no verão, que são os impactos que atingem as quadras vizinhas, próximas ao bairro, à região. Isso para dar exemplo da indústria. Nós temos cinco mil metros quadrados na atividade residencial e assim vai. Projetos Especiais de 1º Grau têm várias alturas e portes, dependendo da atividade econômica do empreendimento. Então, na verdade o que a Vereadora propõe, com a sua Emenda, é uma correção. Primeiro uma correção ao Projeto do Governo, porque esta modalidade de Estudo de Impacto de Vizinhança é um avanço do Estatuto da Cidade, que foi, inclusive, aprovado por unanimidade na Câmara Federal. E a adequação do Plano Diretor, que a gente há tanto tempo debate e, às vezes, de maneira apressada, um debate tão importante, tem a obrigação de se adequar ao Estatuto da Cidade. E esta é uma das inovações positivas, um instrumento que o Estatuto da Cidade pressupõe que tem que ser incorporado ao Plano Diretor da cidade de Porto Alegre, e, uma vez que os Projetos Especiais de Impacto Urbano são obras que têm impacto na Cidade, o adequado, portanto, para responder ao Estatuto da Cidade, que é uma legislação maior, porque é uma legislação federal, seria incorporar o conceito do Estudo de Impacto de Vizinhança, mas também em que casos ele será utilizado. E, do ponto de vista da Câmara, nós aprovamos recentemente, antes da votação dos títulos e das moções, a Emenda da Vereadora que justamente coloca a necessidade, então, de que será feito este Estudo de Impacto de Vizinhança. Nós precisamos, portanto, seguir a nossa votação, prevendo este ajuste, incorporando no caput o que já votamos na legislação anterior, entendendo que o Estudo de Impacto de Vizinhança ajudará a cidade de Porto Alegre a ter uma melhor qualidade de vida e os porto-alegrenses, os moradores dos bairros a terem uma segurança de que será estudada a situação, quando grandes empreendimentos que não estavam previstos forem aprovados ou estejam em regime de aprovação, e serão considerados os impactos que terão na região. Portanto, eu queria encaminhar nesse sentido e pedir aos nossos colegas Vereadores que acompanhem a votação passada para que tenhamos essa previsão no Plano Diretor da cidade de Porto Alegre.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 199, destacada, ao PLCE nº 008/07.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu estou falando sobre esta matéria, mas nós tínhamos acertado, Ver. Haroldo, que nós não discutiríamos mais essas matérias, porque nós tínhamos combinado um posicionamento. Vi, na última votação - da qual eu não participei -, que a falta de uma orientação levou a uma votação que, se agradou à maioria dos que votaram a favor, a mim me desagradou.

Então, eu venho à tribuna com esta matéria, que é a Emenda da Verª Sofia Cavedon que altera a redação do art. 60, para dizer que o art. 60 já teve a redação alterada por nós; tentamos alterar e não conseguimos. O que ocorre? Ocorre que esta proposta, a Emenda nº 199, na análise das temáticas, teve manifestação contrária da Temática II e da Temática IV.

Então, isso tranquilizou a Comissão, que também a rejeitou quando ela foi examinada. Agora se busca recuperar essa Emenda. Então, eu quero, com grande respeito à signatária da proposta e a seus apoiadores, dizer que o que parece ser muito simples não é, porque a alteração que se faz à redação, hoje, do Projeto, a proposta pelo Governo, é clara, submetendo-se à Impacto de Vizinhança o Projeto de Impacto Urbano de 2º e 3º Graus. Aqui, ao retirar a expressão “2º e 3º”, fica tudo incluído, e aí a Verª Sofia não faz a menor cerimônia em proclamar esse voto, porque essa é a sua efetiva intenção. Eu acredito que isso gerará uma sobrecarga nas ações de planejamento urbano e do controle das edificações no Município de Porto Alegre cujas consequências, Ver. Adeli Sell - V. Exª que já brilhou na tribuna sobre esse assunto -, eu imagino que serão extremamente negativas para a Cidade - sobrecarga da burocracia e, em determinado aspecto, o próprio engessamento da vida de Porto Alegre .

Ver. Márcio, V. Exª que é o Secretário do Planejamento, saiba que V. Exª vai ter uma sobrecarga imensa com a aprovação dessa Emenda. E, mais do que as sobrecargas, inúmeras pessoas vão bater na porta da Secretaria, pois a Secretaria vai ter que cumprir a Lei, reclamando que não vão poder mais construir na cidade de Porto Alegre, tamanha a situação que irá se estabelecer.

Então eu estou aqui tranquilamente fazendo esse alerta. Respeito todas as posições, mas acredito que as pessoas que compõem esse sodalício, neste fim tarde, início de noite, devem levar em conta esse alerta, honestamente colocado, no sentido de que cautela não faz mal a ninguém. O acautelamento nessa hora é absolutamente necessário, quer se engessar de tal ordem as coisas em Porto Alegre que eu não ousaria dizer que, a partir de agora, Ver. Márcio, V. Exª não vai ter o privilégio de ser o Secretario de Planejamento do Município; vai ter a desdita de ser o Secretario de Planejamento do Município, tamanho o engessamento das coisas que irão ser criadas. Espero que não se faça essa homenagem negativa a V. Exª, e ainda é tempo de nós não confirmamos essa pretensão, mantendo a rejeição que foi recomendada por todas as Comissões Técnicas que examinaram a matéria, e inclusive a Comissão global do Plano Diretor assim confirmou. Pela rejeição.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra, como autora, para encaminhar a votação da Emenda nº 199, destacada, ao PLCE nº 008/07.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu fico feliz de poder dialogar com os argumentos do Ver. Pujol e, mesmo discordando dele em muitas questões, quero dizer que respeito muito a franqueza com que trabalha nas suas defesas.

Quero dizer que não se trata de burocratizar; eu não acho que isso é o que impede, porque até hoje a maior queixa da Prefeitura de Porto Alegre é que é um “parto” para aprovar projetos, Ver. Manfro. Só que não existe até hoje Estudo de Impacto de Vizinhança. Então, não é isso que tem emperrado. Eu acho que o Ver. Todeschini trouxe elementos importantes, principalmente a desarticulação entre as Secretarias, mas também porque os empreendedores insistem, querem aprovar projetos onde não é possível. E há questões que não são transponíveis. O Ver. Beto Moesch sofreu muito desgaste por conta disso, por conta das questões ambientais.

Mas eu quero contribuir para uma boa gestão do Secretário Márcio, e não para um aumento de burocratização. Eu tenho falado aqui: “Márcio, tu serás o responsável pelo Plano”. E quero ler, porque o que nós aprovamos primeiro, que tem que fazer o Estudo em todos os projetos de impacto urbano, é porque eles são de impacto. Não se chamariam assim se não fossem de impacto. E agora é uma mera adequação no caput do art. 60. Então, Secretário Márcio, eu vou ler, porque nem todos os Vereadores conseguiram olhar tudo. O que é que são os Projetos Especiais de Impacto Urbano? Centro cultural com área adensável de 750 a 5 mil metros. Então, é um centro cultural grande que implica som, mobilização de pessoas, tipo uma OSPA instalada aqui, um evento cultural importante que vai ter que se avaliar.

Eu quero lembrá-los, Srs. Vereadores, que o Estudo de Impacto da Vizinhança não é para impedir, é para inclusive dizer, Ver. Brasinha, que medidas têm que ser tomadas para aquele empreendimento se estabelecer. Por exemplo, a vedação acústica que o Estudo de Impacto Ambiental dá. Mas, por exemplo, com relação ao espigão da Lima e Silva, nós tínhamos uma teoria, que se pudesse ter deslocado aquele espigão para a direita, deixado lá a nogueira-pecã, e reduzido um pouquinho a altura, ele seria possível de se compatibilizar com a Cidade Baixa. O Estudo de Impacto de Vizinhança é que diria isso. O empreendedor não aceitou nenhum desses ajustes - o Secretário Márcio nos recebeu com a Comissão -, porque ele disse: “Não; o Plano Diretor me permite”. E como ainda não tinha o Estudo de Impacto de Vizinhança em Porto Alegre, não houve a possibilidade de um ajuste simples que teria preservado a qualidade de vida e saúde de muitas moradias. Estão aí, centro de eventos, clubes com até cinco mil metros quadrados, comércio atacadista com até 30 mil metros quadrados. Ora, Ver. Pujol, não é burocratizar verificar o impacto de um comércio atacadista de 30 mil metros quadrados. Quantas quadras isso dá? Depósito de até 30 mil metros quadrados... Tem depósito de papel que tem que ter uma bela avaliação do impacto, como a gente viu aqui na Zona Sul, Ver. Nedel - um grupo de Vereadores visitou junto comigo, foi uma polêmica -, que era colado na parede de um condomínio e que acabou não acontecendo a obra porque houve denúncia, mas houve todo um prejuízo do empreendedor porque ele já tinha construído um pedaço, e se tivesse um Estudo Prévio do Impacto de Vizinhança, talvez ele tivesse se adequado.

 

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Exatamente. Tinha autorização, mas de instalação não tinha. Então chamo a atenção para o fato de que o estudo prévio também é para proteger o empreendedor. A Melnick, na Lima e Silva, atrasou um ano o empreendimento porque a comunidade reagiu depois que eles tinham os projetos aprovados, e se a Prefeitura tivesse feito o Estudo de Impacto de Vizinhança talvez a Melnick já tivesse construído, Ver. Valter. Um ano de briga da comunidade! O estudo prévio não é só para moradores, mas para proteger o empreendedor também, é para avaliar de fato se não tem que avaliar algumas questões do projeto para garantir a qualidade de vida. Para garagem até mil metros, kartódromo, hospital, é burocracia fazer Estudo de Impacto de Vizinhança? Não é burocracia! Não é casinha, são projetos especiais devidamente identificados, não é tudo na Cidade, é só esta lista aqui, e uma lista grande. Eu faço um apelo: é para este tipo de empreendimento que queremos estudo prévio, este é o pedido desta emenda, não acho que isso burocratize, isso não é um absurdo, é bem razoável.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 199, destacada, ao PLCE nº 008/07.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu entendo que nós poderíamos – estava conversando aqui com vários Vereadores, o Pancinha, o Luciano, o Mauro, o Mario Manfro, o Tessaro –, Presidente Sebastião Melo, evitar várias Emendas que nós estamos discutindo se nós – com todo o respeito – lêssemos mais o Estatuto da Cidade, a Lei Orgânica do Município e víssemos que muito do que está sendo proposto nas Emendas já deveria estar, não só no atual Plano Diretor, mas, inclusive, no anterior.

O que é o Estudo de Impacto de Vizinhança? É um instrumento que veio a contemplar, justamente, impactos ambientais de pequeno porte ou da vizinhança, das proximidades. E esse instrumento, Ver. Pancinha, dialoga com o EIA-RIMA, que é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental e seu Relatório, que é para grandes empreendimentos como hidrelétricas, estradas; no caso da nossa Cidade, a III Perimetral, o Socioambiental.

Porto Alegre, em 1999, instituiu, Ver. Paulinho Ruben Berta, o RIA – Relatório de Impacto Ambiental, que é, Ver. Mario Manfro, como o EIA-RIMA, só para empreendimentos de médio porte. Para todos têm de se fazer um estudo, todos precisam de uma publicidade prévia e de Audiência Pública. Faltava, no ordenamento jurídico brasileiro, algo que Porto Alegre às vezes faz, e algumas cidades, com certeza, também já faziam, mas que não estava no nosso ordenamento jurídico, que é o Estudo de Impacto de Vizinhança, que é para empreendimentos de menor porte.

Portanto, e com certeza, aqui houve um equívoco do Projeto de Lei, Ver. Valter Nagelstein, porque o Prefeito Fogaça é a favor disso, sim, ele ajudou a fazer o Estatuto da Cidade. Aqui, com certeza, houve um equívoco, porque não pode ter EIV só para Impactos Urbanos de 2º e 3º Graus, pois já tem o RIA e o EIA-RIMA para os quais já se exige isso. O Estudo de Impacto de Vizinhança, como diz o art. 37, do Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257: “O Estudo de Impacto de Vizinhança será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade contra a qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades”. É o quarteirão, incluindo a análise de algumas questões básicas, e nós já fazemos isso. Já se faz isso, que é a publicidade prévia de empreendimentos menores, que são as reuniões com a comunidade para empreendimentos menores. Isso já é feito pela Prefeitura de Porto Alegre principalmente de 2005 para cá. Mas nós precisamos, de uma vez por todas, prever o Estudo de Impacto de Vizinhança no nosso Plano Diretor, claro, e aí é para o Impacto de Vizinhança de pequeno impacto, de pequena monta, de impacto local, de impacto no quarteirão, Verª Fernanda. E esse instrumento está faltando em Porto Alegre, infelizmente. Portanto, não pode ser como o projeto de lei diz: só para impactos urbanos de 2º e 3º Graus. Aí já há o RIA, o EIA-RIMA. O que o Estatuto da Cidade quis e quer é oferecer um instrumento que não o EIA-RIMA; o Estudo de Impacto de Vizinhança para impactos de vizinhanças próximos do quarteirão. Portanto, a Emenda, sim, deve ser aprovada. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em votação nominal, solicitada por esta Presidência, a Emenda nº 199, destacada, ao PLCE nº 008/07.

Solicito que Ver. Nelcir Tessaro colha os votos nominalmente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO (Nelcir Tessaro): (Após a chamada nominal.) Sr. Presidente, 13 votos SIM, 16 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): REJEITADA por 13 votos SIM, 16 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.

Em votação a Emenda nº 200, destacada, ao PLCE nº 008/07. A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 200, destacada, ao PLCE nº 008/07.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Srs. Vereadores, primeiro eu quero dizer da minha tristeza, porque acho que temos que fazer uma leitura do que está acontecendo na Cidade. A Cidade não precisa de mais desregulamentação. Tem muita possibilidade de construção, muito adensamento e muito impacto. Eu estou, por exemplo, com um grupo da Cidade Baixa, outro grupo agendado comigo que mora na rua João Alfredo com a rua Alberto Torres, ou algo parecido, em que não há condições de tranquilidade à noite, porque vários bares, ótimos de frequentar, não têm, por exemplo, adequação na questão da sonorização. Ao barulho do bar é acrescentado o do trânsito – meia hora, 1 hora, 2 horas, 3 horas da madrugada -, as pessoas pegam táxi, as pessoas batem papo na rua, e aí não se tem condições de morar lá, Ver. Brasinha. Então, nós precisamos ser um pouco mais austeros, eu diria, ao discutir o Plano Diretor. Eu quero festejar votos importantes, sim, não vou citar uns e não citar outros, para não deixar de valorizar, agora, na última votação, mas gostaria de falar da minha tristeza, porque acho que o Ver. Beto Moesch deixou bem nítido isso, que nós estamos precisando de mais proteção. Por incrível que pareça, são os projetos menores, Ver. Pujol, que estão atrapalhando o cidadão comum, o cidadão que, no dia a dia, na sua cidade, está sofrendo impacto. E é a esse cidadão, nos projetos de 1º Grau de impacto urbano, e à própria aplicação do Plano que nós precisamos alcançar os instrumentos. Vejam, aqui de novo (Lê.): “Art. 61. A critério do SMGP, nas hipóteses previstas no Anexo 11, mediante Projeto Especial de Impacto Urbano, poderão ser alterados os padrões previstos para os recuos de ajardinamento, o regime de atividades, o regime volumétrico, os de parcelamento do solo, e os de garagens e estacionamentos.” Então, se, por um lado, a gente não exige dos Projetos Especiais de Impacto Urbano de 1º Grau nem os Estudos de Impacto de Vizinhança, por outro, se possibilita, sem Projeto de Lei – sem Projeto de Lei, olhem a densidade deste artigo -, mudar regime volumétrico, regime de atividade ... Gente, regime de atividade! Mudar de mista 1 para mista 3 sem legislação! O parágrafo único põe uma exceção apenas na quota ideal mínima em índice de aproveitamento, mas libera o regime de atividade, o recuo de ajardinamento, o regime volumétrico, ou seja, para um leigo, olha, eu quero dizer para vocês que isso aqui é para enganar bobo! Para o índice de aproveitamento, tem que mandar lei para cá, mas, para definir o regime volumétrico, ou seja lá a densificação, o regime de atividade... Olha, eu ouso dizer que, por este parágrafo, não precisaria ter vindo para cá o Projeto sobre o Pontal do Estaleiro. Bastaria o Governo entender que, tudo bem, habitação na orla passa por aqui, eu quero advertir o Fórum das Entidades, a sociedade que nos escuta. Este projeto do Governo Fogaça é muito mais liberalizante do que o em vigor, ao qual nós temos profundas críticas, porque se muda regime de atividade por mera adequação via projeto de impacto urbano. Ver. Brasinha, o senhor não teria que se matar, se esforçar, para botar habitação na orla, se esse Plano estivesse em vigor, porque nisso daqui vale tudo, é laissez-faire, conforme o Governo de ocasião, constrói-se o que se quiser. Então, a minha proposta é de suprimir o art. 61, porque já tem várias outras formas de adequação disso que está previsto aqui, e algumas coisas precisam de lei, sim, senão não teremos mais Plano Diretor. Isso daqui quase que vale, Ver. Beto Moesch, a dizer que nada vale no Plano Diretor. A gente discute, discute, discute aqui, mas o tal do projetinho especial pode fazer o que quiser.

Verª Maria Celeste, eu estou chamando a atenção aqui para o impacto desse art. 61 que o Governo Fogaça encaminha para cá. O que eu acho mais grave é que o regime de atividade pode ser modificado, apenas enquadrando como projeto especial. Pasmem, um novo Plano Diretor está dentro de um artigo! Nós temos que suprimir esse artigo, senão podemos parar de votar, inclusive, aqui nesta Casa, porque de nada vai valer.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 200, destacada, ao PLCE nº 008/07.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadores, meus ouvidos ouviram uma expressão da Verª Sofia Cavedon que muito me agradou, quando disse que essa disposição do Projeto é liberalizante. Que bom, que bom que é, pior é se ele fosse engessador. Aí já estabelecemos a nossa contrariedade. Ademais, vamos ler na íntegra o que diz o art. 61 que a Verª Sofia Cavedon quer, simplesmente, suprimir, fazer desaparecer do Projeto, ficar in albis. Art. 61 (Lê.): “A critério do SMGP, nas hipóteses previstas no Anexo 11, mediante Projeto Especial de Impacto Urbano, poderão ser alterados os padrões previstos para os recuos de ajardinamento, o regime de atividades, o regime volumétrico, os de parcelamento do solo, e os de garagens e estacionamentos.“

 Ora, isso que a Verª Sofia Cavedon diz que é liberalizante não chega a ser tanto, infelizmente. Isso é a base da flexibilização que, por sua natureza, projetos dessa hora, com muita frequência, estão a exigir. Então, a gente não pode simplesmente criar uma regra pela qual ele não seja superado. Eu gostaria, e o Ver. Beto Moesch sabe, de que não ficasse nada a critério do sistema e que fosse tudo por lei, mas é impossível colocar tudo na lei, porque senão a Casa vai ter que, permanentemente, a cada projeto que entrar na Prefeitura, fazer uma lei.

E mais: a liberalização ou a flexibilização não é tão ampla como fala a Verª Sofia, porque tem uma regrinha aqui no parágrafo único.

 

(Aparte antirregimental da Verª Sofia Cavedon.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Ah, não é desse tamanho, é desse tamanho! (O Vereador demonstra com as mãos.) Parágrafo único (Lê.): “Os padrões previstos para o índice de aproveitamento [que é importante na definição do que se pode ou não pode construir no terreno, as restrições começam aí] e quota ideal mínima por terreno somente poderão ser alterados por lei específica.” Então, a liberalização não é tão ampla, a flexibilização é feita dentro de critérios. Simplesmente tirar, e digo, honestamente, não é a melhor escrita que teria. Eu não sei se eu escreveria exatamente assim, se eu fosse o proponente. Mas, simplesmente, retirar do texto, já é uma demasia, uma enorme demasia e um risco incalculável. O que seria sem essa possibilidade de flexibilização?

Retirar do texto é o seguinte: não se flexibiliza por decisão do sistema, por Lei Específica - não se flexibiliza por nada! É dura a lei, mas é a lei. É isso que tem que ser colocado. Aliás nem teria lei, porque está tirando daqui. Ficarão por conta de que as coisas pudessem acontecer, não teria critério. E a pior coisa que pode existir na coexistência social - Rousseau já nos ensinava assim - é não ter uma regra.

As regras normalmente não são as melhores, não são exatamente aquilo que a gente quer, mas, quando se tem uma regra, quando se tem uma definição, quando se tem um critério, podemos nos ajustar. E quando esses critérios podem ser flexibilizados, está aberta a possibilidade da composição.

Por isso é que fico sustentando aqui a repetição da decisão das Comissões da Casa que analisaram esta matéria: nas Temáticas, posição contrária; no Plenário da grande Comissão, posição contrária; e agora, aqui, penso eu, vão repetir pela rejeição, posição contrária.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em votação nominal, solicitada por esta Presidência, a Emenda nº 200, destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.)

Solicito que o Ver. Nelcir Tessaro colha os votos nominalmente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO (Nelcir Tessaro): (Após a chamada nominal.) Sr. Presidente, 08 votos SIM, 17 votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES; total de 27 votantes.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Emenda nº 200 está REJEITADA por 08 votos SIM, 17 votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES.

Em votação a Emenda nº 201, destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.) A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 201, destacada, ao PLCE nº 008/07.

 

 A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, a Emenda nº 201, de autoria da Verª Sofia Cavedon, é bastante simples, bastante clara. A Emenda propõe a supressão da expressão “Conforme art. 61”, do § 2º, do Projeto enviado pelo Governo, que possui uma lógica de dar plenos poderes à Secretaria Municipal de Planejamento. Mas se fica a critério da Secretaria mexer no índice volumétrico das construções, como no seu porte, independentemente do que se vote nesta Casa, então não precisará nem voltar mais para esta Casa! Se a Prefeitura resolver rasgar o Plano Diretor e fazer um projeto especial de impacto - como no caso do Pontal do Estaleiro -, ficaria a cargo da Secretaria Municipal mudar os critérios, e, assim, não viveríamos numa democracia, mas numa quase monarquia, em que a Prefeitura teria plenos poderes! Mas este Legislativo busca a contrapartida, avalia, viabiliza o empreendimento, desde que atenda às medidas mitigatórias indicadas pelos Vereadores, que têm a preocupação de manter a qualidade de vida da população, a preservação do meio ambiente. Mas, no geral, temos visto que a lógica não tem sido essa; a lógica tem sido atacar as Áreas de Interesse Cultural, porque são Áreas que podem vender mais, são áreas valorizadas, já que são de preservação, bonitas. Que lindo construir espigões na beira do rio, porque é o cartão postal da cidade de Porto Alegre! Eu vendo caro, e vou contra o Plano Diretor. Faço um Projeto Especial e, vejam só, aprovo o Projeto Especial. Antes passava pelo Legislativo. Nós contestamos, fizemos mobilização, a Cidade se organizou, veio ao plenário, cobrou dos Vereadores, e conseguiu que saísse uma consulta popular, graças à intervenção da comunidade, mostrando que o povo tem força, sim, reivindicando a democracia na cidade de Porto Alegre. Mas parece que, agora, não é mais necessário. Nem ouvir os Vereadores, nem ouvir os Vereadores, que foram eleitos democraticamente, com opiniões distintas, Partidos diferentes, com visões diferentes de cidade. Nós temos visões diferentes.

Nós, do PSOL, acreditamos que qualquer crescimento tem de ser acompanhado por um desenvolvimento sustentável. Ou seja, garantir a preservação, o patrimônio histórico e cultural, garantir a cidade, viabilizar que os terrenos não sejam utilizados no sentido de supervalorização, garantir a preservação das Áreas de Interesse Cultural, garantir as Áreas de Preservação Ambiental, garantir que as Áreas de Ocupação Intensiva sejam, de fato, respeitadas, crescendo, justamente, nas áreas mais abandonadas da cidade, combatendo os vazios urbanos, obrigando os donos dos terrenos, os proprietários, a cumprir com a função social da propriedade.

Todas essas opiniões foram eleitas para estar aqui na Câmara de Vereadores, e, mesmo assim, muitas vezes, porque existe uma maioria, que é a base do Governo, muitas vezes, passa a opinião do Governo, ainda que, às vezes, possa haver uma sensibilização por parte da comunidade. E com mobilização, às vezes, se conquista, como foi no caso do Pontal.

Mas, agora, a Prefeitura vai além. Eu vejo que o Prefeito e a Secretaria Municipal do Planejamento buscam não ouvir nenhuma opinião contraditória no Legislativo Municipal. Então, além de pensar a cidade diferente, com as diversas Bancadas aqui, quero fazer um apelo aos Srs. Vereadores, porque todos nós sabemos das dificuldades que temos para legislar, a dificuldade para mudar o Orçamento; nós não temos a caneta, somos Legislativo, não somos Executivo, mas, agora, o Executivo quer mexer nas prerrogativas dos Vereadores. Olho nisso, porque não pode ficar a critério da Secretaria, porque assim nem ouvirão o contraditório. Evidente que temos de rejeitar essa proposição do Governo, ou seja, aprovar a proposição da Verª Sofia Cavedon. Obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 201, destacada, ao PLCE nº 008/07, como autora.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Eu tenho voz e quero ir dormir com a minha consciência tranquila, Ver. Nilo Santos. Esta Emenda tem a mesma coerência da outra, onde eu suprimi o 61, e suprimia o inciso. Uma vez que ele está mantido, insisto que o 61 é desastroso; e insisto que, ao invés de resolver o que a Cidade está gritando, se queixando, os principais conflitos que a Cidade vive hoje, nós estamos piorando, Ver. Valter. Neste Projeto de reforma do Plano Diretor ficará a marca do senhor Márcio Bins Ely, a marca do senhor Fogaça, numa Cidade mais desregulamentada, mais flexível a qualquer adaptação, por quê? Ora, por favor, aumento de porte, adequação de preexistências, adequação de edificação; aqui vem uma série de situações que o Governo vai poder enquadrar como Projeto Especial de Impacto Urbano, e, portanto, modificar regime de atividade, regime volumétrico, parcelamento do solo, garagem, estacionamento, etc., etc., etc.

Ou seja, é um plano diretor dentro do Plano Diretor; é uma flexibilização total, e aí estaremos ao sabor das pressões econômicas, sim! Estaremos ao sabor do governo do momento, porque o governo do momento, dependendo a que interesses ele atende, ele vai decidir sobre o Plano Diretor. O que a Fernanda está colocando é que a cidade de Porto Alegre não terá nenhuma segurança jurídica, nenhuma segurança! Os moradores da Rua Lima e Silva me diziam... Até o Philip, ele é estrangeiro, naturalizado, ele é da Inglaterra, ele dizia: “Mas como, no Brasil ...” Eu falo para o Philip que deve estar assistindo, como está o Nadruz assistindo, vocês não se enganem, o Fórum das Entidades não está aqui, mas muitos e muitos estão vendo na televisão. Ele dizia: “Como, no Brasil, não se tem segurança jurídica nenhuma! Eu compro um apartamento e não tem segurança de que ele não vai ser atingido por uma construção ao lado!” E se espantou, Ver. Brasinha, com a nossa incapacidade de dar condições para o bravo cidadão garantir os seus direitos, esta que é a grande verdade. E esse é o principal conflito neste tema da regulação do solo; também as áreas adensadas, é verdade, também o desmatamento, mas neste caso, a gente está cansado de ser chamado para várias situações, tem várias ações na Justiça. Aliás, eu acho que este Plano vai ensejar várias ações, porque inclusive na questão da Participação Popular, que discutimos aqui sobre o plebiscito, nós temos pessoas verificando ações na Justiça de inconstitucionalidade que estão sendo aceitas, porque, por exemplo, é usurpado o direito dos cidadãos de opinar sobre o Plano. Esta é uma das situações, o 61 é uma situação nítida, onde nós podemos arguir inconstitucionalidade.

Eu primeiro li, e depois alcancei para Verª Celeste, sobre quais são os princípios que o Estatuto da Cidade, que é a Lei maior, têm de ser obedecidos pelo Plano Diretor. Tem de ser obedecidos, porque é uma Legislação sobre o uso do solo urbano, e lá estão os princípios. O primeiro princípio é o da Cidade Sustentável. O segundo princípio é o da Democratização - eu tive de estudar, e é linda esta lei -; depois vem o princípio da Proteção do Patrimônio, vem o princípio da Proteção Ambiental. Então, há princípios, gente! Há princípios para a gente votar regras para o uso do solo urbano, não pode ser algo assim que qualquer coisa serve, tudo é flexível, tudo é adaptado! Não é! Não é o que a Cidade acumulou, não é o que o País acumulou na Legislação! E eu acho que se presta muito para a gente questionar, sim, a constitucionalidade dessas novas medidas que o Prefeito Fogaça está instalando na Cidade por trás de uma fachada de democracia, por trás de uma “cortiça de fumaça” da Cidade mais baixa, da Cidade mais sustentável. Isto não existe! Isto não é verdade! O Plano está piorando para os cidadãos de Porto Alegre. E eu digo também para o empreendedor sério, que é cidadão: não pense, não, que a gente, ao colocar critérios, a gente fere os interesses dos empresários. A gente não fere. Os empresários sérios também querem que tenham uma regra única. Porque para o empresário, num dia, chega um governo e vai ter uma liberalização; aí chega outro governo, e ele vai poder fazer outra coisa. Então, nós também temos que dar segurança jurídica ao empreendedor, e não é o que nós estamos dando com este Plano.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 201, destacada, ao PLCE nº 008/07.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, eu estou observando, desde o início do dia de hoje - é a primeira vez que subo à tribuna, meus colegas Vereadores -, este esforço hercúleo, enorme, de nos associar a uma posição espúria, aos interesses mais ilegítimos, e, por outro lado, alguns Vereadores se colocarem, de novo, na posição de vestais, de arautos da moral, dos bons costumes, do mundo ideal, da defesa do meio ambiente. Isso não é bom, até porque todos sabem que o mundo não é assim, o mundo não é dividido em dois polos, o bem e o mal; quem está do lado de cá só pensa no bem; quem está do lado de lá só pensa no mal. Isso não pega, não cola, não convence e não traz voto. Volto a dizer: não é bom!

Eu, com todo respeito, dentro daquele princípio, já que a Verª Sofia elencou uma série de princípios jurídicos aqui, também vou me permitir a isto. Há um princípio, que todos sabemos que é consagrado, que o acessório segue o principal. Qual era o principal? É o artigo anterior da Verª Sofia, que já foi derrubado, que pretendia derrubar o art. 61. Se aquele foi derrubado, agora não há mais razão para que este, que a Vereadora sobe à tribuna para encaminhar, defendendo, subsista, por quê? Porque ela falou em vários princípios, mas quero lembrar, Secretário Márcio Bins Ely, do princípio da discricionariedade da Administração. O princípio da discricionariedade da administração é o que está consignado no Projeto de Lei do Governo, porque nós estamos falando que ninguém na Prefeitura presta; parece que, pelo discurso, não há um técnico na Secretaria do Planejamento que preste, que seja bom, que queira o bem da Cidade, que se preocupe com Porto Alegre. O que diz este tão atacado art. 61, que parece que cria aqui o fim do mundo? (Lê.): “Art . 61. A critério do SMGP, [como já é hoje], nas hipóteses previstas no Anexo 11, mediante Projeto Especial de Impacto Urbano, poderão ser alterados os padrões previstos para os recuos de ajardinamento, o regime de atividades, o regime volumétrico, os de parcelamento do solo, e os de garagens e estacionamentos.” Esse artigo permanece. Portanto, se esse artigo permanece, o próximo, obviamente, tem que permanecer. Então a questão é bastante simples e bastante singela, não se revoga nenhum dos outros princípios da Administração Pública, o da publicidade, seja de qualquer outro. Mais do que isso, eu tenho visto, aqui, um tema que é reincidente na Casa, que é a questão da soberania popular, daqueles que enchem a boca para falar no povo, porque está lá na Constituição, assegurado e garantido, no seu Art. 1º - “Todo poder emana do povo, e no seu nome será exercido.” E quem exerce este Poder de forma soberana, no modelo constitucional brasileiro, somos nós, os Vereadores, é o Sr. Prefeito Municipal e também, sim, a população, naqueles instrumentos que a Lei define: o Referendo, o Plebiscito e a Consulta Popular.

Mas eu vi os Vereadores atacando aqui estas questões, e eu quero dizer que o maior plebiscito, o maior referendo, para quem se diz democrata, já aconteceu no ano passado, em outubro, quando foi a eleição municipal. (Palmas.) Este foi o maior plebiscito! E quem é democrata, na verdade, na essência, aceita o resultado das urnas e do plebiscito maior, que foi quando a população se manifestou.

Eu acho engraçado certos discursos! Outro dia, eu vi um cidadão, que é notoriamente sabido como um dos maiores loteadores irregulares da nossa Cidade, do dia para a noite, se converter num grande defensor do planejamento urbano e do desenvolvimento sustentável. Que beleza! Outro dia eu vi também alguém dizer o seguinte: “Olha, eu fiz voto de castidade!” Mas ele tinha 85 anos! É fácil fazer voto de castidade com 85 anos. Eu quero ver o cidadão fazer voto de castidade aos 18 anos. Aí, sim, é uma postura altruísta, abnegada, de entrega.

Então, Sr. Presidente, eu acho que nós temos que ter coerência. Quando se fala em submissão aos poderes econômicos, eu vou me valer da fala do Ver. Brasinha quando ele diz que não fomos nós que autorizamos a torre do Praia de Belas; não fomos nós que nos rendemos à torre do BarraShopping, mas fomos nós, quando chegou para este Governo que acusam de não ser democrático, que fizemos uma Consulta Popular para que a população se manifestasse. Então, há, sim, uma enorme diferença entre aquilo que se discursa e aquilo que se faz. Nós não temos ligação nenhuma, com nenhum interesse espúrio. Nós estamos trabalhando, sim, naquilo que há de melhor, de maior, de mais claro, de mais translúcido e de mais transparente, e a este artigo, especificamente, da Verª Sofia, me permita, me perdoe dizer que infelizmente nós temos que ser contrários, porque, se o art. 61 caiu, este também, por uma questão natural, deve acompanhar aquele anterior que já foi rejeitado. Muito obrigado, Sr. Presidente; muito obrigado, Srs. Vereadores. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Mauro Zacher está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 201, destacada, ao PLCE nº 008/07.

 

O SR. MAURO ZACHER: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, vejo que o Plenário, embora já em hora adiantada, continua em pleno debate. O debate está acalorado. Que bom!

Mas quero aqui, mais uma vez...

 

(Aparte antirregimental da Verª Sofia Cavedon.)

 

O SR. MAURO ZACHER: Não irei descer do muro. Se a senhora assim achar, mais para lhe fazer uma cobrança, inclusive, pois este Plenário iniciou às 9 horas da manhã. Nós tivemos aqui emendas aprovadas e rejeitadas, mas o que mais ganhamos foi com o debate. Nem sempre quando se apresenta uma emenda, o Plenário irá aprová-la.

Eu quero ressaltar a presença do Secretário Ver. Márcio Bins Ely, que está conosco também desde as 9 horas da manhã, sendo aqui cobrado permanentemente na tribuna. Aqui faço essas considerações, porque cada emenda, cada artigo que estamos votando do Plano Diretor merece uma atenção muito especial de todos nós. É por isso que, embora sejam quase 19 horas, talvez teremos de nos estender ainda muito mais porque ainda temos muitas emendas para serem votadas.

Verª Sofia Cavedon - e aqui faço um contraponto -, é bem verdade que talvez nós devamos legislar sobre vários aspectos dos artigos do Plano Diretor, porque isso permite, seja através dos projetos especiais; seja através de outros mecanismos, que não seja nossa parte, ou dê acesso à população, porque o Plano Diretor é o grande livro que a população pode ter acesso e saber o que é permitido e o que não é possível na Cidade.

É bem verdade também que, no momento em que fizemos alguma legislação, podemos estar estabelecendo mais burocratização do que já temos dentro da Secretaria do Planejamento, da nossa Cidade em geral, questionado e cobrado pela nossa população.

Então, nesses dois lados, de alguma maneira, é importante que haja legislação, importante para que nós possamos fiscalizar e, ao mesmo tempo, podermos, cada vez mais, enrijecer as possibilidades do gestor público. O que mais vale, e que nós garantimos, hoje, nesta tarde, Ver. Sebastião Melo, é a garantia da participação popular, seja através dos conselhos, seja através do Fórum, seja através dos controles que nós sempre garantimos nesta Casa, ou seja, que o controle social jamais será tirado por esta Casa. Esse, sim, é o fundamental. Não é apenas através de leis que talvez possam haver outras interpretações, ou garantir que a burocracia vença. Ao mesmo tempo, há o nosso olhar atento para o gestor público. O fundamental é o controle da sociedade, é o controle desta Casa, permanentemente, para aquilo que os nossos gestores estejam fazendo, mas acompanhados por nós e pela sociedade. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Maria Celeste está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 201, destacada, ao PLCE nº 008/07, pela oposição.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, penso que o debate que estamos realizando desde as 9h, como foi referendado nesta tribuna, não é o debate do bem contra o mal, mas é um debate de conceito de cidade. É isso que está em jogo quando nós analisamos o Plano Diretor da cidade de Porto Alegre. Conceitualmente qual é a cidade que nós queremos? Que cidade é esta que nós vamos produzir a partir daquilo que nós analisamos e que, através das emendas, está sendo construída, consolidada, referendada, aprovada? É isso que está em jogo. Não é o bem contra o mal, não é poesia, é vida real! É o conceito balizado na vida real!

O que significa a introdução de um artigo novo no Plano Diretor, como foi o artigo anterior, o art. 61? Significa uma maior flexibilidade à Secretaria para aprovar e acelerar projetos e empreendimentos na Cidade que podem causar, sim, um estrago na vida do porto-alegrense; tem a ver com a questão ambiental, Ver. Brasinha, tem a ver com a questão da poluição sonora, tem a ver com a qualidade de vida do cidadão da nossa Porto Alegre. E é muito interessante percebermos, na análise e nos discursos, desta tribuna, que passamos o dia defendendo a democracia participativa. Ora, acabamos de derrotar uma emenda dizendo que na cidade de Porto Alegre não se reconhece o plebiscito como instrumento de participação popular! Não venham dizer, aqui, nesta tribuna, aquilo que não foi real, aquilo que não está dito através da lei e da aprovação das emendas. Nós desconstituímos, a Câmara Municipal de Porto Alegre desconstituiu a ação da democracia participativa no Plano Diretor da Cidade. Nós não aprovamos a criação do Fórum de Entidades, nós não aprovamos o plebiscito, nós, a Câmara Municipal, os Vereadores da Câmara Municipal, em sua maioria, não foi aprovado por esta Casa, desconhecendo o principal instrumento do Estatuto das Cidades implantado no nosso Brasil! E o discurso do Prefeito era “precisamos fazer a revisão do Plano Diretor, adequar a nossa Legislação, a nº 434, ao Estatuto das Cidades”, e, na primeira oportunidade, prevalece o interesse econômico, prevalece a vontade do empreendedor! Nós não somos contra o desenvolvimento econômico da Cidade, mas que tenha regras claras, com contrapartidas que precisam estar definidas. Quanto à torre do BarraShopping houve contrapartida definida, discutida com a Cidade!

Agora, senhoras e senhores, há cinco anos o Fogaça é Prefeito desta Cidade. Governem a Cidade! Assumam as suas responsabilidades! Não joguem para a oposição, que perdeu a eleição, a responsabilidade sobre as mazelas, especialmente as do Plano Diretor! O Plano Diretor deveria ser a vontade do Governo, mas, parece-me, há a vontade de Secretários e Secretarias! Não há um consenso! Discutimos na Comissão Especial por vários meses! Não havia opinião do Governo sobre as Emendas, agora, na última hora, há uma opinião?! Agora, há uma opinião?! E, lamentavelmente, nós verificamos um grande retrocesso, especialmente nesta Emenda e na anterior, quando abre a possibilidade de a análise de alteração de regime urbanístico ser feita apenas pela Secretaria de Planejamento.

Nós, Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre, estamos dando um “cheque em branco” para a Secretaria Municipal de Planejamento atuar da forma que quer atuar na relação com a construção no Município de Porto Alegre. É isso que significa esta Emenda e a Emenda anterior. Lamentavelmente, o Prefeito Fogaça prometeu, na sua campanha eleitoral, coisas que, hoje, nós estamos vendo que ele não irá cumprir!

Agora, Ver. Brasinha, quem se elege por cinco anos administrando uma Cidade, tem de governar! Está na hora de o Prefeito governar esta Cidade.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 201, destacada, ao PLCE nº 008/07.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo, quero lhe dizer que V. Exª está conduzindo os trabalhos com a melhor qualidade que já poderíamos ter tido. V. Exª é um extraordinário Presidente que está levando este debate tão importante para a Cidade, e eu fico impressionado com a sua atividade, Presidente.

Ver. Valter Nagelstein, quero lhe dizer que V. Exª foi um grande orador aqui, deu uma aula à oposição, demonstrou a verdade, que é mais importante, e foi um extraordinário e competente orador. Mas quero dizer para a Verª Maria Celeste que, graças a Deus, nós temos um Prefeito há cinco anos, Vereadora! Graças a Deus! Imagine se nós tivéssemos, por mais cinco anos, vocês, Vereadora! O que seria desta Cidade?! Se vocês já aprovaram o Plano Diretor em 1999, por que vocês não fizeram esta Revisão do Plano Diretor para hoje nós não estarmos debatendo aqui? Por que, Vereadora? Qual é o critério que vocês usaram, por exemplo, no Barra Shopping? Usaram o plebiscito, Vereadora? No Barra Shopping, com quatro torres de 2 andares, qual foi o critério, Verª Sofia, que vocês usaram? Fizeram plebiscito, Vereadora? Vocês nunca deram oportunidade para ninguém falar lá fora. Só davam para os de vocês. Quando o Prefeito Fogaça teve a grandeza de implantar a Consulta Popular, vocês, primeiro, detestaram, debateram todos os dias, foi uma semana batendo no Prefeito Fogaça. Vocês pediam e queriam, o Prefeito atendeu, e simplesmente levaram uma surra depois de tanto baterem, era o Ver. Todeschini, era o Ver. Comassetto, era Verª Sofia, era a Verª Maria Celeste, todo mundo batia, aí não é bom. E agora querem implantar o plebiscito, querem tirar a responsabilidade de nós, que somos os legítimos representantes, Verª Maria Celeste. Eu quero dizer que eu gosto de Porto Alegre e amo Porto Alegre de verdade, e quero que Porto Alegre cresça. Eu queria que a orla do Guaíba fosse bonita, com prédios lindos, para que o povo, do outro lado do mundo, viesse curtir Porto Alegre, para demonstrar que Porto Alegre também avança no cenário nacional e mundial. Mas aqui ninguém quer, nada pode aqui. O que pode é o Barra Shopping construir quatro torres de 23 andares e o Shopping Praia de Belas construir uma torre. Isso pode, porque foram vocês que aprovaram, Vereadora, vocês estavam no poder, tiveram todo tempo e toda liberdade para debater o assunto e não fizeram. E aí vocês acham que o Prefeito Fogaça que é o ruim. O Prefeito Fogaça é o Prefeito de todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em votação nominal, solicitada por este Presidente, a Emenda nº 201, destacada, ao PLCE nº 008/07. (Pausa.)

 

O SR. 1º SECRETÁRIO (Nelcir Tessaro): (Após a chamada nominal.) Sr. Presidente, 08 votos SIM, 15 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Emenda nº 201 está REJEITADA por 08 votos SIM, 15 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.

Srs. Vereadores, primeiramente quero dizer que amanhã, às 9h, voltaremos ao tema e continuaremos na parte da tarde, na quarta-feira não teremos reunião de Mesa e Lideranças - está suspensa a reunião de Mesa e Lideranças para dar continuidade aos trabalhos – e nós aguardaremos amanhã uma proposta para as votações noturnas.

Quero também, antes de encerrar esta Sessão, dizer que estive representando a nossa Casa junto à Prefeitura de Porto Alegre, lá encontrei o Ver. Pedro Ruas e a Verª Fernanda, onde recebemos, juntamente com o Prefeito, demais autoridades, Deputados, a autoridade palestina, o Sr. Mahmoud Abbas. Quero dizer que me impressionei com a figura amável, com a maneira como ele se manifestou, não pude ir ao jantar à noite, mas soube também que foi uma extensão daquilo. Também quero dizer aos Srs. Vereadores que, por um detalhe, ele não veio aqui, estávamos acertando sua vinda, mas acabou não sendo possível por causa dos horários, mas acho que foi importante a vinda dele, porque, afinal de contas, esta Cidade também tem uma grande colônia de palestinos que tem contribuído com Porto Alegre.

Então, queria apenas registrar que saí de lá muito impressionado, ele é um homem do bem, pude ouvir que ele, como todos nós aqui desta Casa, quer paz na humanidade, e foi isso que ouvi dele.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente, só quero, na condição de Líder do Governo, me somar à manifestação de V. Exª, cumprimentar o Prefeito José Fogaça pelo seu gesto e dizer que também nós, da base do Governo, somos amplamente solidários a que o povo palestino tenha a sua soberania, o seu estado. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PEDRO RUAS: Queria registrar, Presidente, que achei um gesto de grandeza de S. Exª, o Prefeito Municipal e de V. Exª na Presidência da Casa, representando o conjunto dos Vereadores. A nossa Bancada, através da Verª Melchionna e de mim, estava lá, e nós também ouvimos, com os mesmos ouvidos que V. Exª, a mesma interpretação, um discurso de paz, um discurso afinado que nos deixou bastante motivados. Era esse o registro.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Presidente, só queria, aduzida a essa colocação de V. Exª, dizer que eu não fui convidado, mas se V. Exª estava lá, eu estava muito bem representado, porque V. Exª é a Câmara Municipal de fato e de direito.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Agradecemos, portanto, a todos os Vereadores, os 36, que estão aqui desde as 9 horas da manhã, é importante frisar isso. A Sessão foi até ao meio-dia, voltou às 14h e foi até às 19h, que é o momento em que estamos encerrando. Cumprimentos a todos, e amanhã às 9h estaremos aqui novamente.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Às 9h ou 9h30min?

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Às 9h está convocada a Sessão.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Presidente, por designação de V. Exª, eu vou estar representando o Legislativo na abertura do Simpósio Internacional de Governança Democrática e Cidades, neste mesmo horário, por isso não estarei aqui amanhã às 9 horas.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A chamada, então, está combinada para as 9h30min. Primeira chamada às 9h15min e a segunda chamada às 9h30min. Muito obrigado. Um abraço a todos. Está encerrada a Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h.)

 

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